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quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Alquimia

Preciso de outra história, preciso de algo que trago no peito. Algo que teima em sair,  e se mantém no anonimato. Preciso de letras, narrativas e imaginação.
Meu Deus, como terei eu chegado ao ponto de não viver o suficiente para sentir o que vivo?
Para escrever o que sou, e mostrar em linhas desemparelhadas o que sou. Ou não fosse também eu desemparelhado.
Portanto, digam-me o que querem ouvir. Diz-me Teresinha, o que queres ler. Prometo fazer o meu melhor.
Direi todos os meus segredos. Não tenho sentido nem vergonha, se não conseguir ver o monitor encher-se dos meus versos mal  talhados. Simplesmente desapareço.
Darei razão à mais perfeita mentira. Só pelo ingrato prazer de a engordar e de a fazer crescer com floreados fúteis e rococós estúpidos.
Basta dizeres o que queres ouvir. Penso finalmente ter caido na desgraça de ser normal. Sentimentos ténues e o coração compassado, marcado pelo repetitivo e indesejável som que me deixei ficar a ouvir. Monotono, sem música, sem emoção, sem poder, nem pujança de querer aquecer ao Sol ou brilhar numa noite escura. Numa noite escura, na luz de uma madrugada, na incógnita de um sonho, no brilho de uma retina misteriosa, ou num amor impossível.
Que ruína João! Que ruína. Já nem contigo próprio falas. Não tens assunto. Raios rapaz! Só estás bem onde não estás. Direi antes, estás indiferente onde quer que estejas.
Jazes inerte nessa campa espiritual que é uma vida como a dos outros. Bem com o mundo, mal contigo.
Estás doente por certo. Já nem nos doces exageras, até o mel do amor parece ser agora tão amargo como óleo de fígado de bacalhau.
Portanto caro rapaz, pensa, repensa e pensa de novo, pensa tanto quanto possivel, liberta-te só por um pouco dessa tua música de todos os dias. Combate-te a ti mesmo na prespectiva de um dia que valha a pena. Não te deixes desaparecer por favor. Estás como aqueles que tanto criticas por terem deixado a razão levar a melhor.
Acorda, escreve, sente e vive. Viver não é pecado por agora.
A tua vida aborrece-te, muda de atitude. Nunca te esqueças que se queres mudar o mundo tens que mudar os outros e se é os outros que tens de mudar então muda-te  ti primeiro.
Isso! Isso! Aleluia!
Parece que sempre estás aí nesse sorriso parvo que sabes tão bem como o mundo esboçar com o maior prazer que a vida conhece.
Tu consegues rapaz, torna o mais pobre dos metais em ouro. Em platina, prata, o que for, mas realiza essa alquimia que amas mais que a tudo o resto. Deixa os dedos fluir pelas palavras. enrrola-te nelas, engorda-te nelas, vive nelas. Nessa ideologia tão perfeita que sonhas alcançar. Nessa ascese que tens firmemente adiado dia após dia.
És inevitável.
Obrigado meu caro.
Chegou o amor dos meus dias. Chegaram as frases bonitas e burlescas. Chegaram as caras palavras que encantam uma folha de papel.
As enumerações sem fim, as duplas e triplas adjectivações, as metáforas, a tua mãe a dizer para te ires deitar( algo que pode esperar), o gato a miar, o bater desordenado de arritmias histéricas do coração, os erros ortográficos, e principalmente, esse errante ser que amas ser.
Alquimista de alma sou. Com orgulho, ser errante, tal qual poeta. Tal qual vivo. Tal qual eu.
Que saudade, que vontade.
Meu amor, minha graciosa inspiração, minha retorta de alquimista e minha cisão do átomo. Obrigado.
Minha Tela, Minha Cor, Meu Pincel,
Minha Base, Meu Fuste, Meu Capitel,
Meu arco em ogiva, Meu vitral,
Meu pináculo de catedral.
Meu ser.
Minha Pedra Filosofal