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sábado, 25 de agosto de 2012

Heróis

Quando o céu grita... Em tambores que rufam ao som da tempestade que está já perto.
O Sol foi-se já antes da Lua ter ocupado o seu habitual lugar na noite passada, e ainda é esperado desde então. O vento gela, sopra do Norte, no seu mais frio temperamento, quase metálico.
Hoje o Sol ainda não brilhou... Pelo menos fora de mim.
O agitar das árvores não esconde as discussões da natureza e, o tremer da caneta deixa tão mais claro o fogo que se acendeu onde mora a alma.


E penso: Heróis, Herói, palavra vã. Vazia perto do que significa. Herói, todos sem exepção. Não só os que mandam titãs para os jardins do Tártaro. Não o que professa o fim de Satã. Não só esse quando, reza a história que desses, o segundo nunca se espelha na vã palavra. Herói, vazia palavra comum a todo o ser. O A invertido no conjunto os números mágicos da humanidade.


Sob o céu cinzento aqui estou. Herói de tão poucos, mas Herói. Sem recorrer a mais do que a força que reside no corpo.
Herói de um circulo poucas vezes maior do que o trignométrico. Herói num circulo onde nunca há dias assim.
Herói sem força nos bícepes mais que suficiente para escrever e para abraçar. Herói sentado à espera. No vento irregelante aguardando, sem pressa, que me aplaude sem palmear uma mão contra a outra.
Herói, num mundo cheio deles.
Dificilmente capaz de enfrentar os ventos do Norte. Herói que abraça tudo, como qualquer abraça a amante a quem confiou o coração.
Herói que nunca salvou multidões das tempestades comuns a todos, mas que de peito aberto o dá aos raios e trovões de cada um.
Herói do qual não reza a mitologia.
Herói sem casaco, porque achou que o tempo seria um aliado.
Herói, sem espada.
Herói, sem profecia.
Herói, sem seguidores.
Herói... como todos os outros.
Assim, porque nada mais poderia eu ser.
Porque ser Heroi é fazer os outros sorrir.
Herói, porque ser Herói é ser raro, é ser amigo de amigos felizes.
Herói, porque ser Herói está ao alcance de todos.
Homens medem-se pela grandeza dos seus actos e pela extensão das suas acções. Herois medem-se... Não, é tão mais dificil medir Heróis do que medir homens.
Sim, tão mais dificil, têm unidades diferentes.

A terra conquistada mede um homem, Um homem morto mede um homem.
Um coração conquistado(ou mil) mede um Herói, Um(ou mil) homem salvo mede um Herói.
Paciência e amor são tantas vezes mais importantes que a estatura...

Oiçam o que vos digo. Heróis são luzes que brilham quando no ser tudo escurece. Luzes de presença. Heróis são homens que a ciência nunca mediu no Sistema Internacional(SI).
O homem passa... O Herói fica mesmo que passe adiante... É o amigo que mais vezes nos salva. É provavelmente o único Herói que conheço, seja pai irmão ou colega.

É aí que brilha o Sol mais quente e zumbe o vento menos frio.
Sim. Vocês são todos Heróis. Todos Sol Nascente onde habita o gelo da noite. São o dia típico quando chega a chuva branca. São a aragem fresca quando Portugal arde no Verão.

E com vocês vôo sem asas. Sem mais dias frios.
Serão Heróis todo o tempo que partilharmos, tempo que o tempo fará sempre parecer pequeno.

11.06.2012

(mud)Ar

Lembrarei sempre o meu nome.
Se calhar toda a gente muda com os dias.
Se calhar toda a gente muda.
Se calhar... Se calhar tudo muda.
Se calhar... Se calhar, esses ventos magos que fascinaram artistas, reis generais...
Homens, como os outros, com a simples peculariedade de terem em si a loucura e a presunção de acharem que serão deles os pulmões a abrir caminho no meio da multidão e a decidir a direcção que o vento toma.
Quando a mente se evade da caixa craniana e do pequeno, a que o físico humano obriga e emigra, a fim de ganhar a força que consiga rolar vendavais nas almas alheias, pobres, anónimas e mirar em extase, o mundo a ir na brisa... Deixar-se levar em multidões sedentas pelo prazer que é mudar.
Então, eclipsam-se as dúvidas, brilha a Lua, raia o Sol. Chove, encharcam-se as ruas de revolta. Exaltam-se vozes no baixar de outras... Que como eu assistem, e pensam meditabundos.
"Quão irreal... Quão impávido... Quão confortável consigo eu ser quando todos mudam e eu não sei porquê?"

Ser humano é ser naturalmente descontente... Ser feliz é ser humano?
Duas realidades assim tão imcompatíveis? (e eu sei que ser feliz pode ser a realidade)
Porém... pensado e feito está já a sopro a brisa mágica...
As pessoas, os sítios, o andar do relógio.
Quebram, cedem, e erguem impérios que não vão além da morada...
Mudam para melhor, mudam para melhor...

A vida não é menos feliz pela paixão desenfreada pela mudança...
Se bem amo a palavra que passa a mensagem.
Amo a mudança... Assim com o cru prazer da euforia e do apaixonar...
Simplesmente não vejo como...

Enquanto o mundo à minha volta rodopia num eterno carrossel onde nunca encontramos o que deixamos esperando no mesmo idílico lugar.

Só porque toda a gente muda e eu me sinto igual a todos os dias...

Mudar é dos mais fantásticos verbos da vida... porém, nunca ultrapassará o verbo ser, quando o sorriso está na segunda pessoa.

...Lembrarei, sempre, o teu nome...


Não datado

Shhhh.......

Alto, bem alto. Espreito a Lua, semicheia.
A almofada vazia, leito abandonado, sabe o tempo por quanto tempo.
Talvez nunca lhe tenham desfeito o espanto dos lençóis por abrir. Talvez nunca lhe tenham explicado que nem todos os sonhos se descobrem e vivem durante o sono.

De caneta na mão, relógio parado e olhos vermelhos sonho cada linha de mais uma noite de histórias fantásticas, contadas entre a tinta e o silêncio.
Sim, o silêncio conta histórias, tantas vezes mais maravilhosas e elouquentes do que as que enchem os livros de lendas. Silêncio é Grimm no quarto crescente e em todas as noites.
Formidável, como entre pausas mudas dança o que em mim desconheço. Num sorriso que nunca ninguém há-de conhecer.
Entre o estalar do soalho e o eventual carro a cruzar a rua, o chão cobre-se de ciano ou carmesim, as paredes pintam-se de árvores, ou somem na aridez desértica do clima Sahariano. O ar torna bruma, que no tempo destilado me leva a Camelot, El Dourado, Atlântida, Shangri Lá.
E a Lua e eu entretidos descobrimos as mil e uma noites que nem a tinta nem o sono puderam contar.

Quando, cansado de cantar, se vai com o trinar dos torninhos, volto à cama. Pronto para me desiludir pelos sonhos do sono. Porque já é cedo demais para sonhar sem dormir.

Até logo...

07.04.2012

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Sobre... a mão


Sobre amor escrevo à mão.
Sobre beijos, escrevo á mão.
Sobre manhãs de Verão escrevo à mão.
Sobre músicas que levam o espirito a voar e o coração temer e estremecer.
Sobre alguém,
escrevo à mão.
Sobre atrasos e textos escritos à mão escrevo à mão.
Sobre nós escrevo à mão.
E sobre insónias e adormeceres pensados,
Sobre mãos dadas e o mar a massacrar a costa numa milenar música
Que embala namorados, em passeios sem destino,
Escrevo à mão.

Escrevo e escrevo, e vão se as cargas e as pestanas e as expressões.
E vão-se as linhas e os blocos.
Fica, só o rasto de tinta que deixa o aparo quando escrevo à mão.

Dança, e pula de vírgula em palavra, bailando ao longo das linhas onde a confusão é ordem que quase se podia chamar poesia. O rasto caótico e latente no coração, onde mora o que na sua plenitude…
Me deixa solitário a escrever à mão.

Quando o Sol se deixa cair, ou o sono se teima em não habitar.
Quando a maré alta, cobre as pedras e foge a correr. Quando o badalar das tantas ou das poucas ecoa junto do soalho
Eu escrevo à mão.

Quando o amor é ridículo. Quando o mundo deixa de olhar.
Quando o silêncio parece maior, na saudade que cessou e abdicou pelo sonho e pelos planos.
Quando a madeira estala e ecoa no cosmos os cantos do coração, escrevo à mão.

E,  por fim, quando já cansado ou sem tinta, calejado da escrita e do puro deleite que é escrever à mão,
Caio no êxtase que cintila nas noites de Verão ou nas manhãs junto ao mar.
Quando escrevo à mão…
Quando escrevo sobre amor…
Quando escrevo sobre beijos…
Quando escrevo sobre músicas que anseio dançar…
Quando escrevo à mão.

Quando a paixão é grande demais, e já não cabe no peito.

Escrevo á mão.

Onde mais que linhas a preencherem-se vejo o prolongamento do ser nascer na tinta azul.
Deixo-nos existir…  mais do que no coração, no papel.
E sei e espero estar certo…
Hei de nos prolongar por muito mais linhas.

Porque escrever á mão é estar apaixonado.

                                                                                                                  21/03/2012