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quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

A falha da triangulação

É tarde, muito tarde. Tão tarde que já poderia dizer-se "é cedo".
Além e aqui é rainha a escuridão, que mais do que as cortinas, provoca o céu encoberto.
Na ponta do cigarro nasce uma luzidia pinta do tabaco incandescente onde acendi os pensamentos.
Ideias, que com pernas para andar nunca terão boca para se fazerem ouvir.
Precisam do tempo que inspiro em golfadas, na maioria de azoto(74% se não me engano)...
Precisam como quem desespera o tempo, que se estende além do maço de pensamentos que são passiveis de ser flamejados na ponta ou no centro inexistente.
E assim expiro letras e pergunto... onde estamos nós agora?
Debaixo da calçada ou além Lua e memória?
Onde estão as danças que não dançamos e as músicas a que não demos sentido?
As ruas desertas e as pessoas indiscretas?
Onde estamos nós a não ser na vida que seria sem nós e que se instala onde mora a penumbra do desassossego adormecido que encantou Bernardo Soares?
Busco as curtas e as longas metragens onde que ainda personagem, a seja secundária.
Busco a noite que não aparece e as estrelas(inatingiveis) que foste, ou às quais já fizeste companhia quando o céu ali descansava impávido e sereno.
Onde estás tu? Onde estou eu?
Estás no slide, no acorde ou no simples arpejo?
Estás na tónica, na oitava, na quinta diminuta ou na quarta perfeita?
Estás algures perto ou onde o horizonte deixa de ter sentido?

E agora que é quase Natal?
E agora...
Espero à anos pela tua chegada no primeiro minuto de 25, e tu relutante insistes em tardar na noite da consoada e em todas as restantes.
Poderia dizer que somos tudo o que poderíamos ser.
Somos todo o descontentamento da incerteza que o GPS não soube resolver.
Somos o nada que eu alimento de pretextos e argumentos logicamente nulos.
É quase tão idiota questionar o teu paradeiro quando
Te sinto nos breaks e nos solos. Na areia da praia, nas ondas irreverentes que maçam a costa à espera que se quebre em mais areia para ser mais fácil de meter numa garrafa vazia e levar para casa.
No jardim zen e no sol de Inverno.
No amor de cada acontecimento sem acção planeada.
Em cada sono, de cada feito que é feito sem percepção ou planeamento.
(ou invariavelmente não)
Estás algures.
Estás:
É uma maldita incógnita que nem os mais brilhantes matemáticos resolveram.
Na verdade não estás.
Sonho com o dia em sejas descortinada em qualquer equação.
Eu, vibrante, espero e a manhã nasce, e a música abate sob um fade out impossível de suportar.

Não há mais platónico que o amor ao desconhecido.
Aquilo que temos continua a ser então profetizado desde a Grécia antiga pelo discípulo de Sócrates que desconhecia o quarto satélite.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Cores proíbidas

Cai
Leve e suave, como se por uma vez acreditasse em românticos.
A musica expressa-me
E eu numa simbiose perfeita expresso-a.
Cai,
Sem saber porquê.
Ergue-se,
Sem saber por que caiu.
Pinta paredes e mentes, numa febre de surrealismo
Leva a íris a ver o arco na escuridão (que pára na noite fria de Novembro).
Cai de novo...
Ao soar dos meios tons que não são nem Fá (nem fé) nem Sol (nem lua).
Param,
Chovem,
Evaporam.
Caem de novo! Notas, pausas, Pedaços!
(Aos poucos ou enxurradas)
Gotas, meras gotas, que vibram!
Nas zonas desconhecidas do encéfalo.

E eu escrevo sem rumo nem sentido o que provavelmente só a mim me faz sentido agora.
E cai... e cai... e cai, e voa! Na reticência das reticencias ou na morte que um ponto final significa.
Cai no inato, instintivo e duvidoso.
Cai no adquirido duvidoso e... duvidoso pela fonte.
E cai, como poesia ou prosa ao longo de linhas, talhadas, ou não.
Pensadas ou não.
Cai, e escorre pelos dedos.
Cai e entranha-se.
Possui-me!
Pelas veias, artérias e pelos vasos sanguíneos.
Cai como música, nas malhas que o ser não sabe mais descortinar.
Cai! e enquanto cai sente-se não mais que a cair do coração.
Infiltram-se! De mansinho... aos poucos... ao longo do miocárdio.
Caem,
Onde caíram mais como elas, nascem!
Que não nasceram para cair, mas para viajar.
Viajam pois.
Por mim, para mim.
De mim, para o mundo,
E retornam.
No fim da queda, e da viagem,
Sei que me espera. Não o regresso à lei da gravitação universal.
Pois tenham vindo donde vieram, vieram de cima (porque a Terra é pequena e redonda).
E é lá que eu tenciono ir buscá-las.
Com as asas que me deram, ou me vão dar no Natal.
Para que como elas não caísse e aprendesse a buscar as minhas cores proibidas
Numa viagem que já Dali e Dante (ambos loucos ambos génios)
Fizeram de volta à realidade surreal.
Onde me perdi
Onde cai
E serei capaz... por fim... de me encontrar.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

O poeta que falava com a Lua

Quando a cor do asfalto cobre os prédios nos seus tons de penumbra, e a noite percorre ruas e praças com a luz fria que me traz as letras, o mundo adormece.
Entre o ressonar antigo do alcatrão e o carro ao virar da esquina.
Eu, fascinado, ali permaneço, sereno de arritmias poéticas, com mil e uma contradições e afirmações, de sentido incógnito.
Falando, escutando as minhas efemérides que pacientemente me repetes noite após noite, como se o tema de conversa nos faltasse.
Confesso, prego a noite como a minha inspiração. Porém se também durante o dia brilhasses, jamais abandonaria o meu banco na varanda, de onde meus olhos se apaixonam pela tua tez pálida a uma unidade astronómica de distância.
Um verdadeiro amor platónico, mal te conheço, e tu, curiosa mas sem perguntas sabes de mim como ninguém.
Sei que lá do alto, na tua expressão emotiva, falas comigo, devagar, com o teu sotaque sério e misterioso, numa linguagem que inventamos para os nossos encontros, sempre que não te escondes atrás do Sol.
Quando me tiram a paixão da noite que mesmo cheia de estrelas, morre, à tua mercê, morta pela escuridão que a tua ausência deixa para trás.
Falas-me dos sítios que visitas, e como as pessoas ganham e perdem tão frequentemente a força, de como é importante o amor, a amizade, e; até o dia, dizes-me com os teus mais rebuscados tons de ironia. Queixas-te pouco das guerras por esse mundo fora dizendo que isso é o ignorável da vida humana.
Falas de Romeu e Julieta, de Pedro e Inês e outros amores que ainda choras. Contas-me com gozo as tuas aventuras espaciais, gabas-te de seres inspiração de tantas histórias e mitos.
Quando te cansas de falar, perguntas-me se alguém te mencionou, e eu amante mentiroso, digo que toda a gente te elogiava a beleza da noite passada, só para vislumbrar o sorriso que o escuro da noite não deixa disfarçar.
Brinco com as histórias que ouço sobre ti, que para os gregos eras uma lágrima de deusa, que crias lobisomens e vampiros, que o Kennedy, não era mais que um parolo que não sabia como te conquistar, e que te escreverei trinta poemas para te ter todas as noites atenta a mim. Dedico-te versos perdidos de Hemingway e de outros, anónimos.
E quando estás de partida, a manhã chega sempre a mesma, despeço-me, com a saudade já no canto do olho.
Miro então a tua retirada para outro lugar do globo, enquanto o Sol raia além no Este.

Escrevo-te, com saudades da noite em que eu e tu juntos à janela partilhamos os meus sonhos tão diferentes dos do mundo.
Assim que o mundo cai nas artimanhas do João Pestana, sentar-me-ei à janela, ansioso,
Sonhador que fala com a Lua

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Irmãos de Armas

Agora o sol partiu às profundezas, a iluminar um outro mundo que, possivelmente já mais verei sem o auxilio da televisão.
Além do horizonte, cortado por uma serra, que teima em encarapuçar-se de nuvens e de um mar que corre meio mundo.
Permanece o mistério, o que há para lá dos picos de Sintra e das cristas do Atlântico?
Quantos... quantos mundos?
O poeta não se contenta com nada.
Que mais posso querer? Um sol, pontual. Todos os dias às sete.
O mesmo sol que correu campos de destruição.
Onde os amigos choram o maior mistério da vida, que não é mais a morte.
Tantos diferentes mundos, debaixo do mesmo Sol.
Talvez... talvez não o seja, mas no meu mundo, que, talvez também o teu seja, o mistério que indica o desvenda o caminho não é, mais aquilo que tememos, mas o que indubitavelmente, traz as  gargalhadas mais puras de deleite nas manhãs de Inverno.
Sentados no chão, ou algures, nas trincheiras habituais dos nossos campos de batalha descanso eu, e eles. Os tantas vezes anónimos quando falamos em "amigos".

Não tenho muitos, sim.
Mas não preciso de mais, sabendo que estes já mais me desertarão.
No medo, ou no desespero.
Tal como irmãos. Por vezes debaixo do mesmo sol, que em Agosto queima os ossos, temos invariavelmente diferentes mundos, desentendimentos, guerras e insultos.
E quando o Sol desce a Serra, e a Lua sobe à vila, descansamos, ansiando para que se precipite sobre as alturas e deixe as guerras que trouxera na alvorada.
E então o mundo já sem cores, viaja para lá, depois duma ilha na ponta do fim do mundo, onde nem eu nem tu vemos a ponta da mágoa.

Em tantos diferentes mundos, em tantos diferentes sois, isto seria tal e qual, pisando o asfalto a caminho da escola. Na areia para descobrir, onde já só haverá mar.
No campo de batalha, rezando pela ausência do que já foi o mistério da vida.
Partilhamos então,danças, copos e talheres, músicas, e memórias. Sabendo que nunca empunhamos uma espada, nem dispara-mos qualquer arma.
E que apesar disso, continuaremos a descobrir o mistério que trouxemos para, partilhar.
A amizade que dará para sempre os meus Irmãos de Armas.
Seja qual for o Sol do amanhã.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Espero-te ao crepusculo.

E se hoje, voltasse-mos a divagar? Estejas lá onde estiveres desde que o dia acordou. Estou livre, no meu mais assumido estado Zen, ansiando pelo silêncio da noite quando te posso vislumbrar, tão perfeitamente, caso as nuvens se ausentem.
O mundo já partiu para trás, E nem acredito que estou a escrever isto.
Fazia já os meses que não via a minha musa com estes olhos, feita de pobres e despidas linhas mal pontuadas.
Que novidades posso contar? Já não passo mais de um lobo solitário. Sem nada de interessante para fazer.
Acabou a poesia ao fim da tarde ou no café da manhã, que encontra agora hora marcada, sim, na noite escura.
O poeta no fim, é mais do que a agonia de viver na corda bamba, ou construir uma linda cabana na ponta mais íngreme de um penhasco instável.
E o poeta aprendiz, é melhor conter-se, talvez construir as casas em sítios mais calmos e seguros, não num penhasco, algures num canto de uma planície abissal.
Lá no fundo do mar, onde a solidão não é mais que a ilusão de estar sozinho de olhos no céu.
Confesso cada vez mais, ser na calma da noite, debaixo do mar, ou no terceiro andar, a ouvir o silêncio, e, passando as ideias a arial narrow que sinto o êxtase a fluir das veias para o coração com a força de cursos de alta energia.
Para lá da janela, a noite então percorrerá os céus impaciente, rápida e fugaz, de e oriente para ocidente, como se a esperasse um dia preenchido.
E devagar, chuviscam pequenas pingas de luz num céu azul escuro. Por fim, os chuvisco não são mais chuviscos mas uma tempestade de luz que se ergue preguiçosa por detrás da Serra como se quisesse ficar a dormir. É nesse momento que olho o céu, e avisto um dos meus amores a fugir-me por entre os raios de Sol. Precipito-me pois sobre a almofada, e lá em cima de tez tão pálida descansa, o meu sonho de criança, do qual me despeço com pena.
Já quando cheguei disse que o tempo me tinha feito lobo solitário, Canis lupus se preferirem.
E que mirava a minha musa, a qual tanto vejo aqui como do fundo do mar com o mesmo fascínio, de menino, que sonhava ser astronauta.
Mas tudo se vai com o a luz do Sol, e é quando por fim, cansado de dormir me levanto e assisto ao desenrolar de mais um dia... Recordo com graça os beijos estrelados do nosso romance da noite passada e passo a rezar com as forças que o sono me cedeu, "querida Lua desejava-te aqui".
Espero-te amanhã à hora dos costume. Talvez te escreva outro poema, no doce crepusculo que agora lá para as nove te trás pela mão.
Aqui te espero.
Pensarei em ti durante o dia.

domingo, 13 de março de 2011

Engenharia da escrita

Cai o fim da tarde, nasce o papel branco do eloquente nada. Misteriosamente, dá-se a mágica materialização de uma bic, azul, modelo crystal, entre o indicador e o pai de todos. Fecham-se livros e caem no soalho os molhos de matéria religiosamente acumulada.
Agora o Sol desce o horizonte, deixando para trás o crepusculo melancólico.
Noutras circunstâncias escreveria no seu nascer. Mas amanhã há aulas.
Mais uma vez, acende-se a luz gasta da escrita, cai a cortina. Parece que o espectáculo vai começar.
Linha um, caem suavemente as palavras, planeadas outrora, para trazer do nada, qualquer coisa. Mansamente, fluem pela segunda linha. Terceira então, e já perdendo o ritmo caem na quarta linha, o ritmo está cada vez mais saturado, e mais, e mais, e mais...
Parou. Já sem mais planos prévios caí no improviso. Na incógnita das minhas divagações sobre o mundo.
Agora, estou perdido, saltando por entre palavras e expressões, que surgem ou nascem aqui e ali, vindas do céu, ou nascendo de alguma árvore que morreu, para eu escrever mais um texto.
Chegou a hora de pormos a passar algo que traga o que de mim há de poeta. Linkin Park, Panic at the disco, new radicals, tudo serve. Basta ter ser tocado com acordes meditabundos em algo.
Por fim, chovem palavras, uma erupção explosiva de advérbios, verbos, nomes, pronomes, determinantes. Culminando com a espessa lava de recursos estilísticos. Por fim as linhas preenchem-se a um ritmo louco, incansável, a mão acabará por criar calos dos quais me orgulho. As palavras desalinhadas, irão alinhar-se e viver numa simbiose quase perfeita.
Já lhe vejo o fim. Agora caem os restos, pontos aqui, virgulas ali... umas reticências para adocicar a leitura, e a alma de poeta para deixar o texto falar por si. deixa-se ainda meia dúzia de erros ortográficos e de sintaxe para acentuar a alma, e um ponto final, para dizer: está pronto.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Insónia

Boas noites, ou feliz madrugada. Encontro-me comigo hoje, tarde e más horas bailando nas esquálidas nuvens de uma mente entediada pelo sono, típico de tão atrasada hora.
Mas o sono não vem, não é lugar nem destino. Pelo menos para já. Venho pois só e unicamente divagar. Para quebrar a rotina; e não quebrar o que amo.
Terá a minha escrita retornada apenas em "servo do poder no meio do nada".
Quando tudo partiu para inconscientes terras, já levadas de mil e duas histórias fantásticas; aqui fico eu, à espera que o chat do facebook atinja finalmente o numero zero, para então partir. Rumo ao meu leito. Onde passarei, descobrindo o ar, tanto mais tempo de uma insónia adormecida, nos mantos de linho do tempo.
E quando o tempo de me deixar ficar pela infinidade de tesouros qque guardo secretamente, algures, nas incógnita natural que sou.
Depois do sono, acordo com o medo, de não saber realmente para que acordo. Que farei eu aqui?
Angustiado, petrificado, de olho nos tímidos raios a espreitar pelos estores, cansados, quase tanto como eu. Mas por motivos distintos....

Esquece João, hoje não estás nos teus dias. Perguntas tão complicadas para quê? Quem te irá ouvir? Quem terá a ousadia de te responder?
Dilemas, dilemas, dilemas e dilemas. Insolucionáveis, Insolúveis na imperfeição da estúpida razão humana!
Deixa-te disso. Arrebata com o fingimento de que alguém te poderá salvar de ti mesmo. Não és vítima. Nunca foste. Se não és ovelha, não lhe vistas a pele.
Deixa-te de medos, e vergonhas.
Sempre ríspido e impetuoso à tua carapaça, à superfície. Quando por dentro, ecoam os gritos de vazio. Pragas que tão naturalmente te recusas a ouvir, como recusas as mãos dos imigrantes sedentos de mais um shot de heroína, ou um pão para molhar a sopa de água.
Aí não cresce nada, terreno pobre e infértil. Nada dás, nada pedes, tudo queres.
E deixas-te levar por insónias desconcertantes, rimando versos soltos de poetas anónimos que levas nos olhos.
Nem os alquimistas partiam do nada, nesse processo mágico.
E anseias secretamente que os teus dedos parem, quanto mais a reflexão, mais a força que não vencerás sem vontade, te esmigalha.
E por fim, tu, parvo, impávido e sereno, acabas por desistir de te mutilares com desvaneios de adolescente. E ai... cais-te em terrenos desconhecidos, cais-te em sono profundo. Incapaz de continuar o que começas-te, como costume.
Deixa estar. Ninguém é perfeito.
Até amanhã meu caro.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Alquimia

Preciso de outra história, preciso de algo que trago no peito. Algo que teima em sair,  e se mantém no anonimato. Preciso de letras, narrativas e imaginação.
Meu Deus, como terei eu chegado ao ponto de não viver o suficiente para sentir o que vivo?
Para escrever o que sou, e mostrar em linhas desemparelhadas o que sou. Ou não fosse também eu desemparelhado.
Portanto, digam-me o que querem ouvir. Diz-me Teresinha, o que queres ler. Prometo fazer o meu melhor.
Direi todos os meus segredos. Não tenho sentido nem vergonha, se não conseguir ver o monitor encher-se dos meus versos mal  talhados. Simplesmente desapareço.
Darei razão à mais perfeita mentira. Só pelo ingrato prazer de a engordar e de a fazer crescer com floreados fúteis e rococós estúpidos.
Basta dizeres o que queres ouvir. Penso finalmente ter caido na desgraça de ser normal. Sentimentos ténues e o coração compassado, marcado pelo repetitivo e indesejável som que me deixei ficar a ouvir. Monotono, sem música, sem emoção, sem poder, nem pujança de querer aquecer ao Sol ou brilhar numa noite escura. Numa noite escura, na luz de uma madrugada, na incógnita de um sonho, no brilho de uma retina misteriosa, ou num amor impossível.
Que ruína João! Que ruína. Já nem contigo próprio falas. Não tens assunto. Raios rapaz! Só estás bem onde não estás. Direi antes, estás indiferente onde quer que estejas.
Jazes inerte nessa campa espiritual que é uma vida como a dos outros. Bem com o mundo, mal contigo.
Estás doente por certo. Já nem nos doces exageras, até o mel do amor parece ser agora tão amargo como óleo de fígado de bacalhau.
Portanto caro rapaz, pensa, repensa e pensa de novo, pensa tanto quanto possivel, liberta-te só por um pouco dessa tua música de todos os dias. Combate-te a ti mesmo na prespectiva de um dia que valha a pena. Não te deixes desaparecer por favor. Estás como aqueles que tanto criticas por terem deixado a razão levar a melhor.
Acorda, escreve, sente e vive. Viver não é pecado por agora.
A tua vida aborrece-te, muda de atitude. Nunca te esqueças que se queres mudar o mundo tens que mudar os outros e se é os outros que tens de mudar então muda-te  ti primeiro.
Isso! Isso! Aleluia!
Parece que sempre estás aí nesse sorriso parvo que sabes tão bem como o mundo esboçar com o maior prazer que a vida conhece.
Tu consegues rapaz, torna o mais pobre dos metais em ouro. Em platina, prata, o que for, mas realiza essa alquimia que amas mais que a tudo o resto. Deixa os dedos fluir pelas palavras. enrrola-te nelas, engorda-te nelas, vive nelas. Nessa ideologia tão perfeita que sonhas alcançar. Nessa ascese que tens firmemente adiado dia após dia.
És inevitável.
Obrigado meu caro.
Chegou o amor dos meus dias. Chegaram as frases bonitas e burlescas. Chegaram as caras palavras que encantam uma folha de papel.
As enumerações sem fim, as duplas e triplas adjectivações, as metáforas, a tua mãe a dizer para te ires deitar( algo que pode esperar), o gato a miar, o bater desordenado de arritmias histéricas do coração, os erros ortográficos, e principalmente, esse errante ser que amas ser.
Alquimista de alma sou. Com orgulho, ser errante, tal qual poeta. Tal qual vivo. Tal qual eu.
Que saudade, que vontade.
Meu amor, minha graciosa inspiração, minha retorta de alquimista e minha cisão do átomo. Obrigado.
Minha Tela, Minha Cor, Meu Pincel,
Minha Base, Meu Fuste, Meu Capitel,
Meu arco em ogiva, Meu vitral,
Meu pináculo de catedral.
Meu ser.
Minha Pedra Filosofal

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

O fim do feijoeiro... O príncipio de uma nova Era

Pois não... Abateu-se ainda esta tarde um violento sopro pela casa. "O MEU FEIJÃO!?", e assim se quebrou o solene silêncio das paredes da casa. Escusado será dizer, que a violência que me abalou os ouvidos, proveio directamente e sem qualquer intreferência da boca da minha irmã que gritava a pulmões abertos aos sete ventos o desaparecimento daquela velha carcaça que jazia cheia de bolor no vaso junto da janela. Assim como a primeira onda de choque surgiu, não tardaram as réplicas sem periocidade aparente. Apenas constantes e intrecalando-se umas às outras.
Após a fúria momentanea, um silêncio constrangedor teve lugar por entre as placa de madeira do soalho.
Juro não saber onde é que a minha mãe arranjou coragem para ripostar a tal ataque, de nível titânico. "O feijão foi para o lixo. Já estava morto, mas guardei as vagens para plantares outro. Fui deita-lo ontem ao lixo"
Por momentos até eu fiquei estático, e na calma dos meus pensamentos gritava
" O que é que tu foste fazer?! ".
-Tu deitaste o meu feijão fora?!- dizia a minha querida irmã com um ar de incredulidade fulminante- sim...- replicou a minha mãe quase friamente-Estava podre, morto e cheio de humidade. Já não estava ali a fazer nada.
Cruzes credo! Nunca vi tamanha ousadia! Deitar a degradada carcaça velha do feijoeiro da minha irmã fora por ser efectivamente uma carcaça velha? Não se faz.
Mas ai, ainda estava o maior choque para vir. A minha mãe olhava-me sentado no sofá, pelo canto do olho, como quem pede auxílio para algo que ainda esta para vir, e aí... aí caiu o carmo e a trindade e os santos todos- "Mas plantei lá um dente de alho a semana passada que está a crescer a olhos vistos e estava  ir contra um dos ramos do feijoeiro. Assim já tem mais espaço para crescer...- Caiu-me o queixo nos pés. A minha irmã estava a entrar numa erupção explosiva catastrófica com violentas nuvens de cinza e bombas a montes. e puf!
Começou uma crise da adolescência. " Eu quero o meu feijão de volta!! O que é que tu fizeste ao meu feijão sua... sua... assassina de feijoeiros! O meu querido feijão! Que eu tratava todos os dias! À um ano!". Neste momento achei que o olhar desesperado por ajuda da minha mãe não podia continuar a ser ignorado e como quem não quer a coisa lancei para o ar - O Feijoeiro já tinha tido os seus dias de glória. Agora era só uma carcaça castanha em decomposição lenta na cozinha...- mas fui imprudente em não acrescentar que era uma linda carcaça embora putrefacta. Caiu-me o mundo em cima. Os berros latentes nos ouvidos, furiosos- Como é que podes dizer isso! Cá para mim consentiste com isto traidor! O meu feijão tratava dos filhinhos e dava-lhes abrigo e companhia!- enchi o peito e preparei uma boa resposta que foi pior emenda que soneto - O feijoeiro não estava mais do que a apodrecer os filhos com ele. Fizeste bem mãe. - óbivo que me saiu o tiro pela colatra. A minha coragem e o ar dos pulmões desapareceu com o olhar matador da princesa em fúria, que com gosto me teria estrangolado se não fosse isso um acto típico de alguém que tem uma grande falta de nível.
-Aí é assim?!  Vou deitar os cigarros da mãe fora! - Ideia do meu pai que permanecia encostado à ombreira da porta com um sorriso de gozo na cara.
Mais ataques se seguiram, mas o que importa absorver é que não foi recuperado nenhum cadaver de feijoeiro e que os cigarros permaneceram viciosos na mesa da cozinha.
Já o alho parece ter gostado da decisão de enterrar o velho mestre, para assim ele poder prosperar.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Nuvem Negra

Em noite da plena, deitado em mais um spot habitual, de olhos postos no infinito enbaciado do céu cinzento das nuvens carregadas de água, prevejo a chuva. Talvez para as onze... talvez para a meia noite... talvez para amanhã... talvez para um dia destes... talvez para daqui a cinco minutos, ou... talvez não seja este o meu talento.
Metereologia soa a secante.
Ainda que sem saber de metereologia espero a condensasão do meu desejo, que chova.
Que este se precepite no meio de chuva miudinha e, a transforme, em gotas fortes e pesadas. Mil, um Milhão, um Bilião. Mas que chova a bom chover.
Assim, posso retomar corridas loucas perdido algures num santuário, de um santo no qual não sou devoto.
Retomar o sorriso molhado pelas infinitas gotas que me cortam o rosto, e me ensopam até aos ossos.
Que venha a chuva, e o granizo.
Que venha a chuva que, me apagou isqueiros, desesperos e saudades.
Que chova em toda a sua força, a pura água, que me limpe a alma, do que falta limpar.
Que o céu se encubra, e que pese sobre os meus ombros, num humido calor que mira ao longe a tempestade.
Que a água se precepite das nuvens.
Que a água caia sobre mim na simples felicidade de cada gota propositada. Que me traga o que ainda me falta, que me lave do que é demais.
Portanto, tu, óh negra nuvem que pintas o céu de um cinzento lunbrege, acalma-te sobre mim. Descarrega em mim, lança-me a tua ira, e faz pingar cada pouco por pouco que seja. Se vai ser um dia de chuva, não terei onde me esconder. Não me quererei esconder.
Neste sítio tem a água tanto para limpar. Tanto anjo caiado esperando num porgatório para ascender ás prodfundezas do sol depois de tu grande nuvem partires.
Apenas com o acenar de adeus, tanto eles como eu, como toda a porca e sarnosa realidade, poderão ter a sua glória de volta. Espero que este tenha de ser o meu último adeus às gotas que em tempos também a mim me consomaram a felicidade à chuva deixando cair gotas aleatoriamente entre beijos apaixonados.
Vem e lava também isto de mim.
Vem e lava tudo. Eu e eu iremos contruir um bom eu. És a mudança tão desejada. Tu podes dar-me este último adeus. Não pares a chuva até que mesmo com ela eu veja finalmente o teu historiado céu. Mar de estrelas. Sem eco nem fundo.
Já declarado a ti, e prestes a ser socorrido pela futura chuva, espero. Que me inundes na tua sabedoria de saber ser feliz. Até me irregelares até aos ossos com isto, Nuvem negra não pares a chuva!

domingo, 9 de janeiro de 2011

Crónica nascente

1, de Janeiro de 2011-5h 38min
Saudades de vir aqui escrever qualquer coisinha. Para variar um bocadinho, hoje não trago o meu mundo às costas e a tristeza no olhar. Acho que pela primeira vez na minha vida me proponho a escrever sem a dita inspiração. Sem empurrãozinho. Sem acalentar a típica melancolia que escorre frases a abarrotar de floreados e figuras de estilos.
Hoje venho nada mais nada menos que partilhar a minha felicidade e orgulho de ter sobrevivido aos últimos precalços que não foram assim tão poucos nem pequenos.
Já despedido do passado, e sem mais guerras com o agora estou pronto. Estou pronto, quase como se assim tivesse nascido. Chegou finalmente a força que me faltou. Atrasada... Mas isso é... completamente indiferente.
Mais vale tarde do que nunca. Estou pronto.
É provavel que com isto destrua a minha reputação de razoável lírico, e que apenas me digam: "está giro"- quando me der ao habitual ritual de crescimento pessoal que é a recolha da prezada opinião dos meus mais amados críticos. Teresinha sê simpática por favor.
Levarei o meu tempo a conciliar a antiga inspiração com o novo regime. Mas nada que o tempos não resolva.
Após três meses de crise, já não oiço a voz do passado. A chamar pela minha pessoa desesperadamente. Que fiques onde pertences. O presente é só para pessoal autorizado e contemporâneo.
Após três, meses de batalhas, guerras cerradas. Perdas e auto-mutilação mental constante. Lanço lenços brancos à fogueira, e sei que arderão a bom arder. que não me voltem a amaldiçoar os bolsos. Então saio á rua e de peito aberto no presente. Grito, a pulmões abertos a prometida liberdade. Finalmente sei, que aqui também posso ser feliz. Basta canalizar a recém-chegada força para as mais nobres causas. Chega de barroquismos, e romantismos. Embora seja por natureza um romântico, sei que a perfeição que sonho atingir, terá de esperar. Chega de asceses e insónias pensativas.
Estou pronto para aterrar por mim mesmo.
Declaro-o aqui,
agora.
para manter,
até ordem em contrário.
Bem vindo 2011