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domingo, 13 de março de 2011

Engenharia da escrita

Cai o fim da tarde, nasce o papel branco do eloquente nada. Misteriosamente, dá-se a mágica materialização de uma bic, azul, modelo crystal, entre o indicador e o pai de todos. Fecham-se livros e caem no soalho os molhos de matéria religiosamente acumulada.
Agora o Sol desce o horizonte, deixando para trás o crepusculo melancólico.
Noutras circunstâncias escreveria no seu nascer. Mas amanhã há aulas.
Mais uma vez, acende-se a luz gasta da escrita, cai a cortina. Parece que o espectáculo vai começar.
Linha um, caem suavemente as palavras, planeadas outrora, para trazer do nada, qualquer coisa. Mansamente, fluem pela segunda linha. Terceira então, e já perdendo o ritmo caem na quarta linha, o ritmo está cada vez mais saturado, e mais, e mais, e mais...
Parou. Já sem mais planos prévios caí no improviso. Na incógnita das minhas divagações sobre o mundo.
Agora, estou perdido, saltando por entre palavras e expressões, que surgem ou nascem aqui e ali, vindas do céu, ou nascendo de alguma árvore que morreu, para eu escrever mais um texto.
Chegou a hora de pormos a passar algo que traga o que de mim há de poeta. Linkin Park, Panic at the disco, new radicals, tudo serve. Basta ter ser tocado com acordes meditabundos em algo.
Por fim, chovem palavras, uma erupção explosiva de advérbios, verbos, nomes, pronomes, determinantes. Culminando com a espessa lava de recursos estilísticos. Por fim as linhas preenchem-se a um ritmo louco, incansável, a mão acabará por criar calos dos quais me orgulho. As palavras desalinhadas, irão alinhar-se e viver numa simbiose quase perfeita.
Já lhe vejo o fim. Agora caem os restos, pontos aqui, virgulas ali... umas reticências para adocicar a leitura, e a alma de poeta para deixar o texto falar por si. deixa-se ainda meia dúzia de erros ortográficos e de sintaxe para acentuar a alma, e um ponto final, para dizer: está pronto.

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