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quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

A falha da triangulação

É tarde, muito tarde. Tão tarde que já poderia dizer-se "é cedo".
Além e aqui é rainha a escuridão, que mais do que as cortinas, provoca o céu encoberto.
Na ponta do cigarro nasce uma luzidia pinta do tabaco incandescente onde acendi os pensamentos.
Ideias, que com pernas para andar nunca terão boca para se fazerem ouvir.
Precisam do tempo que inspiro em golfadas, na maioria de azoto(74% se não me engano)...
Precisam como quem desespera o tempo, que se estende além do maço de pensamentos que são passiveis de ser flamejados na ponta ou no centro inexistente.
E assim expiro letras e pergunto... onde estamos nós agora?
Debaixo da calçada ou além Lua e memória?
Onde estão as danças que não dançamos e as músicas a que não demos sentido?
As ruas desertas e as pessoas indiscretas?
Onde estamos nós a não ser na vida que seria sem nós e que se instala onde mora a penumbra do desassossego adormecido que encantou Bernardo Soares?
Busco as curtas e as longas metragens onde que ainda personagem, a seja secundária.
Busco a noite que não aparece e as estrelas(inatingiveis) que foste, ou às quais já fizeste companhia quando o céu ali descansava impávido e sereno.
Onde estás tu? Onde estou eu?
Estás no slide, no acorde ou no simples arpejo?
Estás na tónica, na oitava, na quinta diminuta ou na quarta perfeita?
Estás algures perto ou onde o horizonte deixa de ter sentido?

E agora que é quase Natal?
E agora...
Espero à anos pela tua chegada no primeiro minuto de 25, e tu relutante insistes em tardar na noite da consoada e em todas as restantes.
Poderia dizer que somos tudo o que poderíamos ser.
Somos todo o descontentamento da incerteza que o GPS não soube resolver.
Somos o nada que eu alimento de pretextos e argumentos logicamente nulos.
É quase tão idiota questionar o teu paradeiro quando
Te sinto nos breaks e nos solos. Na areia da praia, nas ondas irreverentes que maçam a costa à espera que se quebre em mais areia para ser mais fácil de meter numa garrafa vazia e levar para casa.
No jardim zen e no sol de Inverno.
No amor de cada acontecimento sem acção planeada.
Em cada sono, de cada feito que é feito sem percepção ou planeamento.
(ou invariavelmente não)
Estás algures.
Estás:
É uma maldita incógnita que nem os mais brilhantes matemáticos resolveram.
Na verdade não estás.
Sonho com o dia em sejas descortinada em qualquer equação.
Eu, vibrante, espero e a manhã nasce, e a música abate sob um fade out impossível de suportar.

Não há mais platónico que o amor ao desconhecido.
Aquilo que temos continua a ser então profetizado desde a Grécia antiga pelo discípulo de Sócrates que desconhecia o quarto satélite.