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quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Novembro

Novembro está de volta após um ano de ausência. Sem a graça de vermos que os anos cada vez menos tardam menos a passar. Inverno, por fim.
Sob o asfalto paira agora agua fria, numa cortina de espelhos que não fossem os rasgos de Sol pela manhã poderia bem ser eterna. Ou pelo menos tão eterna como eu.
Na rua acabaram os passeios das tardes de Verão e Outono. Já voaram todas as folhas da calçada, e a geada toma por fim conta dos passeios.
Pela rua, o silêncio caminha com passos leves, parando a olhar uma ou outra gaivota que se atrasou no regresso a casa.
Anda, pelas praias enamorado com o mar bravo, que veio acordar.
Ouve o cantar junto à ondulação das marés que finalmente estão vivas.
E a noite... Tão mais longa, tão mais bela, quando me abraça e com beijos gelados me aconchega.
Digam o que disserem não há poesia como a da chuva a bater na janela... Não há música como o mar furioso a massacrar a costa...
Não há dias como o de hoje nem como o de ontem nem como nenhum outro...
Não há luz como a do Sol de Inverno,
Não há perfume mais delicioso que o da terra molhada...
Não há fugas nem viagens como ndar lado a lado com o silêncio numa cidade abandonada à chuva.

E pensar, que tudo assim é mais belo, na melancolia cinzenta dos céus de Lisboa.
Esses céus que em breve abandonarei para sentir o calor da lareira acesa e na sinfonia que é uma casa cheia de amor e carinho saborear mais um Natal. Lá, no nome de um santo que ao frio rasgou a capa e partilhou.

Dava tanto para que todas as noites fossem assim. Com a avó a tentar atecipar a hora para recolher aos aposentos e ao conforto do sono.
A mesa sempre posta e recheada de bolos e outros assassinos das mais esmeradas dietas.
A consoada... As sete pessoas e as quatorze conversas, os risos, as prendas, a paz.

E nas gottas grossas me distraio do Novembro que ainda agora nasceu...
No silêncio que passa agora à minha porta e que recupera folego no miar incansavel do gato.
O Inverno continuará na saudade que me deixou o Inverno passado.
Eu passarei nele, saboreando a brisa... Já cheira a Natal...