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segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Pai relógio

Onze e meia da noite, dia 12 de Dezembro de 2010. O tédio habita, à falta de inspiração já se juntou à tempos uma certa melancolia, e acaba de chegar o seu caro amigo, nostalgia...
E soa a música a dizer que tenho de amar, e passa o filme a dizer que não posso morrer, e digo-me a mim, "tu tens de dormir meu caro".
Levanta-te e caminha para a cama pé ante pé, calmo, como quem não teme para o teu leito. Levanta-te e fá-lo... Deixa-te de poemas em prosa e versos sem rima, e levanta-te. Deixa-te de ideias, poesia sempre foi a tua cara, mas nunca o teu destino. Sabes que é a realidade meu amigo. Se bem que a realidade é só para quem não consegue imaginar nada melhor. E tu. Sim e Tu! Tu nisso és um verdadeiro mestre, e criatividade só te falta em momenmtos como este meu irmão. E agora Jõao, não há frequência sonora que te salve, nem hora que te agrade. Devias mesmo ir deitar-te e ficar a dormir por umas semanas, deixar o tempo passar. É sempre dele que precisas. Desse malandro do tempo...
Se bem me lembro já foram amigos e tudo. Outrora também ele te ajudava, passava rápido quando não era uma das tuas Eras, e abrandava, excessivamente, dementemente, loucamente, para te fazer desfrutar daquele olhar... Ou daquele toque... Ou daquele pensamento... Ou daquela musa, daquela inspiração que te escorrega entre os dedos à medida que o tempo agora se atrasa mais, e corre lento com o momento numa razão inquantificável.
Com uma mão me cumprimentas e com outra me apunhalas, traidor!
Mas eu não me importo... É quase como se não fosse comigo... No fim sei que preciso de ti para coexistir e catalogar o mundo à minha volta.
Preciso porque em meu redor ecoa o teu nome, mais que teu filho, sou teu escravo, mais que teu amante sou teu sacrificado.
Pois sim, que preciso de vós grande pai, incontestável mestre do tudo. Pois sim que preciso...
Difamo-te, mas seria um nada sem ti...
Perdoa-me então e acelera um pouco as coisas para eu acabar isto rápido e ir dormir.
Ainda ontem me deixavas correr na lama, hoje matas-me com a tua falta, amanhã vais fazer-me arrancar cabelos brancos ou pentear os poucos cabelos numa possivel careca; daqui a dois dias hei de achar que tu és grande demais.
Lá está, a parte de catalogar; primeiro criança que abençoada tem todo o tempo do mundo, depois o adolescente que coitado, morre com os caprichos do tempo, o senhor com crise de meia-idade que pensa poder recriar o tempo, e por fim o reformado que reza para que aumentem as arritmias temporais. E no fim, quando achares que já deste tempo suficiente matas-nos... Sem mais nem quê. Afinal, é só mais um dos biliões de filhos. Deste nem sequer sabes o nome. Ou então dás-nos tempo noutro local. Não se desperdiça nem um bocadinho. Ou não fosses tu, perder uma pequena parte da tua enormidade.
Mas nem vou mais estar aqui a remoer-te, ou a remoer-me em ti. Estás a dar-me demais no memento errado. Por agora só preciso que aceleres. Que não me dês espaço para pensar. Quando não se tem essa oportunidade a facilidade enchenos os pulmões. Não há tempo para pensar antes da inevitavél decisão.
Critico-te mas és tu... que me dá sentido. Que me fazes sentido, ainda quando não há sentido para fazeres.
Parece que me estás a ouvir, pois não há tempo para mais divagações.
Amanhã é outro dia, porque tu nunca deixarás de fazer a vida passar.
Infelizmente não paras.
No fim, és pai, e há que respeitar esse teu eterno estatuto. Pai invulgar e desnaturado, sempre aliado e amigo de duas faces.

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