Powered By Blogger

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Triste Regresso

Hoje, foi um dia muito não. Conheci o desespero a uma diferente escala, prisma, ou força. O termo é irrelevante, hoje não quero floreados. Rezo apenas para cair na cama e dormir toda a noite sem parar; repito, sem parar! Não me importaria de certo que não acordasse amanhã, nem no dia seguinte. Ainda me zumbe aos ouvidos os gritos de revolta, que nunca chegaram a ser convertidos em voz alta e clara. Os meus olhos, raiados de sangue, incapazes de se encher de lágrimas, apenas querem morrer por hoje. Até os portos de abrigo se fecham por vezes. Para mim, não só eles, mas todo o mundo se trancou a sete chaves, para que com toda a sua pujança e poder fizesse uma formiga superar-me em tamanho e espírito.
Nem mesmo elas terão dificuldades ínfimas em esmigalharem-me, sem precisarem para isso de se esforçarem. Decerto nem se darão conta... E neste estado não terão também as malvadas saudades da minha presença, tantas vezes monstruosa e ameaçadora para minúscula e empenhada colónia.
Sofoco então em pragas por praguejar, a um mundo que odeio com todas as forças neste dia de luto.
Aquele que sempre bravo e empreendedor soube desvendar caminhos, com ou sem ajuda. Nada mais deseja agora que terra para cair, inerte. Por muito carácter que tenha, isto supera-me a mim, assim como penso que diminuiria qualquer ser, por mais dura que fosse a sua casca.
Mal-vindo meu velho conhecido desespero. Já não te vislumbrava à tempos, mas vesse que foste bem nutrido, ou não terias tão grande estatura. O teu regresso em força, teve efeitos impensáveis.
Por fim me senti  tão mais que tentado a depor as armas e acenar-te com o lenço branco que nunca usei. Pediria ajuda, se de algo servisse. Rezaria, se em algo acreditasse. Restauraria a fé, se algo me parecesse valer a pena.
Desistir, é a palavra que acabei de conhecer, e que cada vez me parece mais aplicavel, a antes tão batalhador ser. E só não o será, porque além de guerreiro, o orgulho cego continua a correr-me nas veias. Mal se pode chamar orgulho, mas é só para não lhe chamar teimosia. Porque com tal abalo, até esse gigantesco orgulho ficou reduzido a farrapos.
Passo então a mão pelo cabelo e com a mente estatelada no áspero, frio e cristalino real, imploro o fim da guerra.
Deste modo não serei mais capaz de continuar. Não é uma guerra em que me possa bater valentemente. Nem tão pouco, bater-me. É um caso perdido. Mas nunca o darei como tal. O maior cego é o que não quer ver. E eu não quero. A visão de um campo de batalha em que tanto se perdeu, não merece ser admitida real. Não vale a pena.
Nada hoje vale a pena. Nada hoje traz um sorriso para me atirar à cara.
Hoje não canto, nem danço, nem escrevo o que sou, mas no que me tornam.
No fim, sei que a força, está em mim. Mas já não sei como a usar mais.
Então empunho ironicamente a espada com a mão esquerda, e ainda no bolso agarro o lenço com a direita.
Só permanece a questão, esta sim épica em todos os sentidos.
Conseguirei usar algum dos dois? Ou o futuro que levo nos braços passará a ser uma incógnita de impossível descoberta?
Desespero, nunca tiveste tal tamanho.
João, nunca te sentiste tão débil.
Desistir, nunca foste opção.
Honra, porque insistes em sustentar-me?
E agora?
E depois?
E no fim?

2 comentários:

  1. Eu sei que é um lugar-comum: a vida não é fácil, mas são os desafios (os fáceis e os difíceis) que fazem com que mereça a pena ser vivida.
    Só os tolos acreditam na tal “vidinha” fácil ou que os outros não cometem erros (e os pais também erram, desculpa).
    O importante é aprender com cada dificuldade, acreditar que se vai conseguir ultrapassar os tais desafios (tens inteligência mais do que suficiente para o efeito) e, sobretudo, não baixar os braços, nunca!

    ResponderExcluir